21.6.13

Eduardo Llanos (Testamento do pater familias)





TESTAMENTO DEL PATER FAMILIAS



Yo, Anastasio Rencoret Iriarte, natural de aqueste reyno de Chile,
hijo lejítimo del mui mucho amor de entrambos mis santos padres,
estando enfermo en cama de la enfermedad que Dios nuestro Señor
se ha servido en darme,
i creyendo como firmemente creo en el Alto i Divino Misterio
de la Santísima Trinidad i Padre e hijo i Espíritu Santo,
tres personas distintas i un solo Dios verdadero,
i en todos los demás misterios i artículos de fe que tiene, cree y confiesa
nuestra Santa Madre Iglesia Católica Apostólica Romana,
bajo cuya fe i creencia he vivido i espero vivir i morir,
temiéndome ahora de la muerte, que es natural a toda humana criatura,
envío mi alma al cielo, de donde me fue dada,
i el cuerpo a la tierra, donde fue criado,
i vengo en testar mis bienes, modestísimos
comparados con el reyno de Dios, nuestro Amo i Señor.
A ti, primogénito mío, traspaso los yacimientos de oro i plata,
i encomiéndote brindar trabajo a los menesterosos mineros
i a la vez dar ocasión a sus mujeres i proles
para que así puedan cumplir el mandato divino
de ganar cada uno su pan con el sudor de la frente.
Mas cuida, hijo, no holgarte mui a menudo con las mozas,
ni menos con una sola, pues siempre se ceba quien se amanceba.
A ti, hija querida, légote las tres viñas del Sur,
no sea que te sorprenda sin dote la edad de merecer.
A ti, fiel i dócil esposa, dejo aquesta hacienda entera,
incluyendo animales, inquilinos i el polvo de mis huesos.
Por último, queden a mi contador i albacea todos mis pañuelos i polainas
i esa Biblia empastada en que cada noche yo nutría mi fervor
i cuya lectura le enseñará a no codiciar bienes ajenos
i sí a juntar tesoros en el cielo, de donde le será dado por añadidura lo demás.
Os encarezco observancia estricta a las reglas que siempre prediqué i practiqué,
para así allegar más honor a nuestra estirpe i a nuestro Padre Común,
a cuya diestra os esperaré, enternecido i anhelante.

Eduardo Llanos



Eu, Anastasio Rencoret Iriarte, natural deste reino do Chile,
filho legítimo do mui muito amor de meus santos pais,
estando enfermo no leito da enfermidade que Deus Nosso Senhor
foi servido outorgar-me,
e crendo como creio firmemente no Alto e Divino Mistério
da Santíssima Trindade, Pai-Filho-Espírito Santo,
três pessoas distintas e um só Deus verdadeiro,
e em todos os mais mistérios da nossa Santa Mãe Igreja Católica, Apostólica, Romana,
em cuja fé e crença vivi, assim como espero viver e morrer,
temendo a hora da morte, natural em toda a humana criatura,
encomendo minha alma ao céu, que ma deu,
e à terra o corpo, que nela se criou,
vindo assim testar meus bens,
bem modestos se comparados aos do Reino de Deus, Nosso Amo e Senhor.
A ti, primogénito, lego as jazidas de oiro e prata,
com encargo de dar trabalho aos operosos mineiros, a bem das famílias,
para cumprirem o divino mandamento de ganhar o pão com o suor do rosto.
Mas cuida, meu filho, de não folgar das moças em demasia,
nem mesmo uma só, pois sempre se ceba quem se amanceba.
A ti, filha querida, deixo-te as três vinha do Sul,
não vá apanhar-te sem dote a idade de merecer.
A ti, esposa fiel e dócil, lego esta mesma fazenda inteira,
incluindo semoventes, inquilinos e bem assim o pó dos meus ossos.
Por último, todos os meus lenços e polainas
ficam para o testamenteiro e cabeça-de-casal,
assim como a Bíblia encadernada em que eu cevava o meu fervor,
a qual lhe ensinará a não cobiçar o alheio e a juntar tesouros no céu,
donde lhe virá por acrescento tudo o mais.
Recomendo-vos a estrita observância das regras
que eu mesmo sempre prediquei e pus em prática,
para assim acrescentar mais honra a nossa estirpe e a nosso Pai Comum,
à mão direita do qual vos esperarei, enternecido e anelante.

(Trad. A.M.)

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